Enquanto aqui na vizinha Espanha as armas falavam mais alto, naquele sangrento 1936, as Irmãs Adoradoras (e outras Congregações Religiosas) cruzaram a fronteira à procura de um refúgio para pôr a salvo as Irmãs. Neste caso, a guerra civil espanhola, foi “sangue de mártires” semente de Bem. Ironicamente, poderíamos dizer que “Há males que vêm por bem”…
À boa maneira lusitana, Portugal acolheu as Irmãs Adoradoras de braços abertos.
O Espírito do Senhor que conduz a história humana, presenteou deste modo a nossa Igreja e o nosso país com o Dom e Carisma da Congregação das Irmãs Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade.
Braga teve a dita de ser a 1ª cidade de Portugal a receber as Irmãs Adoradoras. Pouco a pouco, naqueles conturbados anos, a Comunidade foi tentando encontrar a casa idónea para as Irmãs e para as jovens/adolescentes a quem acolhiam. Tarefa nada fácil, dada a precariedade de recursos económicos em toda a Europa, mas sobretudo na Península Ibérica. Na verdade, a vontade de Deus viria a manifestar-se uns anos mais tarde (1958), ao encontrar a actual casa (na altura Colégio de S. Geraldo), na Rua de Santa Margarida.
Rezam as Crónicas da Casa que, “algumas senhoras ricas de Braga, foram extremamente generosas e determinadas no apoio às Irmãs para que elas ficassem definitivamente na cidade” dos Arcebispos, o que vem acontecendo até aos dias de hoje.
Seguindo a linha fundacional de “A minha Providencia e a tua fé manterão a casa em pé”, as Irmãs lançaram mãos ao trabalho para se auto-sustentar: bordados a ouro, sedas e ‘branco’, pintura, doces, etc., fizeram as delícias de quem os realizava e de quem os comprava.
Por outro lado, o Carisma de Adoração e Promoção da Mulher rapidamente se expandiu.
Naqueles anos marcados pela forte emigração, principalmente no Minho, o Colégio das Irmãs Adoradoras tornou-se pequeno para acudir à situação de centenas de adolescentes, algumas órfãs, outras entregues a si próprias ou a familiares mais ou menos competentes.
Com o suporte espiritual da Adoração-Celebração eucarística, o trabalho pedagógico com as jovens tornou-se uma referência na cidade de Braga. Os pedidos de acolhimento, ano traz ano, aumentaram significativamente.
Na década de 70, foi criada a IPSS Lar de N. Sra. do Sameiro, apoiada pela Segurança Social através dum Acordo de Cooperação. A Comunidade criou Equipas Técnicas para levar a cabo o trabalho com as jovens. As actividades foram sendo realizadas cada vez mais no exterior: liceu, escolas, Centro de Formação Profissional, trabalho em casas particulares, etc.
75 anos depois, podemos afirmar que as centenas e centenas de jovens que por ali passaram, são hoje, na sua imensa maioria, cidadãs activas e, muitas delas, cristãs convictas e comprometidas. Um elevado número de jovens ingressaram em diversas Congregações Religiosas.
Pedimos a todos os bracarenses e, por extensão a todos os portugueses, para que se unam a nós num canto de Louvor e de Acção de Graças pelo Dom das Irmãs Adoradoras em Portugal.
Fica aqui o nosso testemunho para “memória futura”, com as suas luzes e sombras, mas com a determinação de ir ao encontro das novas problemáticas que afligem a Mulher, sendo com elas e para elas, um testemunho da Misericórdia de Deus, numa Eucaristia encarnada.
Alguns dados históricos:
A partir de Braga, paulatinamente a nossa Congregação foi-se espalhando pelo país:
Em 1937- Portalegre (fechada em 1962);
Évora em 1943;
Lisboa em 1967 (ampliando-se em mais 3 sectores sucessivamente: Graça, Alcântara, Olivais); Coimbra em 1989;
Vendas Novas (Bombel) em 1990 (fechada em 2005)
Em 2009 extravasámos as fronteiras nacionais e continentais, indo fundar em Cabo Verde.
M.ª Júlia Bacelar (Irmã Adoradora)