No próximo dia 10 de Maio irá decorrer um Seminário no Anfiteatro da Universidade de Évora onde se debaterão as violênciaS sobre as mulheres. Uma vez mais, o Lar de Santa Helena, instituição que em Évora intervém com vítimas de violência doméstica, traz este tema a discussão. Desta feita abordando também o tráfico de seres humanos, ou essa nova face de escravatura dos tempos modernos. Seja para a exploração sexual, seja laboral. Segundo as Nações Unidas, todos os anos, 800 mil a 2,4 milhões de pessoas são vítimas do tráfico de seres humanos no mundo, e a maioria destas são mulheres e crianças.
Às IPSS vão chegando algumas destas mulheres que pedem ajuda para escapar desta teia, como se fossem vítimas de outras violências, de situações de extrema pobreza, vulnerabilidade social, prostituição ou imigração ilegal. Atrás destas meias histórias vai-se descobrindo, aos poucos, a outra metade que faltava: as ameaças constantes, as agressões e os castigos corporais, a proibição de sair de casa, de falar com estranhos, de trabalhar sem folgas e sem horas, de só comerem restos, a obrigação de manter relações sexuais involuntárias, as violações .... Quantas destas mulheres são transportadas entre países sem saberem qual o país onde estão. E quantas são ameaçadas com represálias sobre a sua família no seu país de origem. Algumas até poderão circular entre nós, ser criadas internas, de mesa, prostitutas ou trabalhadoras rurais: todas elas estarão sem os seus documentos, sem dinheiro, serão evasivas nas respostas ou não saberão sequer a nossa língua, não fixarão o olhar e olharão para o lado enquanto nos falam, com medo de serem vigiadas.
Depois de todo o combate feito ao tráfico de droga, impõe-se igual empenho no combate ao tráfico de seres humanos, porque este é mais rentável. Ao fim e ao cabo o produto (que são pessoas) é vendido e revendido várias vezes, possibilitando lucros crescentes mesmo em diferentes fases da vida, enquanto criança, na fase adulta ou mais velha (neste caso, até para mendicidade organizada).
A dignidade da pessoa passa à indignidade da coisa em que a tornam. Mas quais direitos? E o que fazer? Antes de mais, conhecer e saber. Depois, apoiar as vítimas e denunciar. O caminho já começou.
Ana Beatriz Cardoso
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