quarta-feira, 20 de abril de 2011

alguns dados da intervenção em 2010

Passamos a apresentar alguns dos dados da intervenção realizada pela Equipa durante o ano de 2010.

(para visualizar os gráficos em tamanho amentado, clicar sobre a imagem; regressar à página na seta de navegação 'anterior')


Durante o período em causa, e Equipa contactou com 422 mulheres. Destas, 133 usufruíram de acompanhamento regular e continuado por parte da Equipa.



As 9 situações referenciadas no gráfico que não apresentavam percurso de prostituição, referem-se a algumas mulheres em situações de vulnerabilidade e/ou exclusão social, com risco de vir a desencadear em percursos de prostituição. Das mulheres em contexto prostitucional, a maioria apresentava um percurso longo de prostituição, denunciando situações de vulnerabilidade e exclusão que, nalguns casos, atravessam gerações.
  

Como se vê no gráfico, a população-alvo da Equipa recorreu à prostituição para colmatar uma situação global de carência e falta de recursos. É também evidente a falta de suporte familiar e/ou social em que se encontravam. O factor emigração também foi responsável por grande parte dos percursos de prostituição. Considerando a Equipa que a prostituição é, por si só, uma situação de violência, mesmo assim conseguimos identificar alguns casos onde a violência, a coação e a exploração eram evidentes. Estes casos reflectem-se na problemática "vítima de violência de género". 


O número elevado de atendimentos/acompanhamentos sociais resulta do facto da Equipa considerar como tal todas as vezes que abordou as utentes. As visitas domiciliárias realizaram-se a pedido das mulheres, ou porque já havia uma relação de confiança construída.


Dadas as características de privação em que vive uma parte considerável da nossa população, a Equipa sentiu - em muitos momentos - premência em colmatar algumas necessidades básicas, nomeadamente em termos de apoios com alimentação. De salientar que a grande maioria das utentes não usufruía de nenhum outro tipo de apoio, muito devido a um sentimento de vergonha associado à pratica da prostituição.
  

Em 10% da nossa população verificou-se intervenção familiar. Esta referiu-se a uma multiplicidade de necessidades expostas pelas utentes, entre as quais: distribuição de géneros alimentares, aconselhamento jurídico, regularização de documentação, acompanhamento de processos de promoção e proteção, inserção no mercado de trabalho, encaminhamento para cursos de formação, encaminhamento para infantários, creches, espaços de ocupação de tempos livres, etc.


Até ao final de Dezembro de 2010 foram efectuados 187 giros nas estradas referenciadas, perfazendo um total de 19.831 quilómetros percorridos. A E.N. 234 situa-se na Mealhada, sendo esta localidade pertencente ao distrito de Aveiro. A intervenção da Equipa nesta área prende-se com alguns factores, nomeadamente porque grande parte das mulheres que lá se prostituía residia no distrito de Coimbra e pelo facto de ser próximo de Coimbra.



A Equipa efectuou um total de 203 giros a 26 estabelecimentos (pensões, bares e apartamentos), conotados com a prática da prostituição, perfazendo um total de 10.310 quilómetros percorridos. O número reduzido de apartamentos justificou-se pelo facto destes não estarem identificados e a Equipa não ser ainda suficientemente conhecida.


Das 413 utentes com percurso de prostituição, 60% destas encontrava-se em contexto de bares e pensões, seguindo-se as que se encontravam na rua. Salvaguardamos o facto da intervenção nos apartamentos estar ainda em fase inicial. Durante este tempo de intervenção detectámos ainda que a mobilidade nos bares e apartamentos é mais elevada que na rua.



Conclusão

Analisados os resultados obtidos pela Equipa durante um ano e dois meses de intervenção, concluímos que o fenómeno da prostituição no distrito de Coimbra é muito mais vasto do que aquilo que prevíamos aquando da candidatura enviada ao CDSS (para a qual se celebrou o Acordo de Cooperação que abrange 100 Utentes). Os recursos humanos afectos à resposta social (3 técnicos a tempo inteiro) não tiveram mãos a medir, consoante se foram introduzindo no "emaranhado" da problemática da prostituição e "submundos" que lhe estão associados.
Em termos de recursos humanos, as pessoas identificam-se muito com a acção que realizam e demonstram muito empenho e dedicação. De salientar que os/as colaboradores/as, em regimo de voluntariado, muito têm ajudado e contribuíram em grande escala para o resultado da acção que aqui apresentamos. Sem eles - integrados em todas as actividades - esta acção tinha sido impossível de realizar com apenas 3 técnicos.
Fica a certeza que a Equipa de Intervenção Social ERGUE-TE continuará empenhada e a dar o seu melhor para que muitas Mulheres possam Erguer-se!

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